Baixo Centro é simples. O enredo não é nada demais: uma perseguição. É isso. Só que não é só isso. Durante a perseguição, a gente vê o Centrão de Beagá.
Fora a competência narrativa do Jão, com uma arte declaradamente influenciada pelo genial Tayio Matsumoto, o gibi me pegou muito pelo lado emocional. Eu morei um ano ali. Meu 2010 foi mineiro e eu amava a região. Ainda amo, mas tô longe. Fico feliz que o FIQ seja lá, bem debaixo do Viaduto Santa Tereza, porque de dois em dois anos visito o lugar, inclusive o prédio onde morei.
Então, o “isso” se resume ao Jão usar uma perseguição como desculpa pra te mostrar o lugar. Pra transformar o Centrão no personagem principal. Se fosse outra cidade, talvez eu só elogiasse os desenhos, a fluidez sequencial, a representação das ruas e dos prédios, da ponte, luz e sombra, os detalhes urbanos… mas isso é normal. Isso vale pra qualquer experiência.
Baixo Centro é me traz muita nostalgia. De vez em quando eu namoro o gibi, só pra matar saudade do cenário que me acompanhava todos os dias quando saía e voltava pra casa, não só ao ler o gibi (sem texto), mas também ao ler a apresentação pelo João Perdigão, que discorre sobre muita coisa que rolava e ainda rola por lá, desde os Duelos de MCs até os hábitos boêmios do Carlos Drummond de Andrade.
Todas as cidades mereciam uma homenagem assim.