Santa Catarina não só é parte do BUM de eventos de quadrinhos que há um tempo fazem uma BALBÚRDIA no cenário atual, como foi a casa de DOIS só no mês de agosto.
Tive o prazer e a honra de participar do primeiro Circuito Catarinense de Quadrinhos, que aconteceu dia 05 de agosto em Florianópolis – mediei uma mesa de debate sobre quadrinhos autorais com os artistas Alice Monstrinho, Felipe Parucci e o autor e editor da revista Café Espacial Sérgio Chaves.
O papo, que rendeu muito, com respostas sinceras dos três presentes, que, por uma hora, deram suas impressões sobre produção de quadrinhos, o cenário atual, falaram do que os incita a fazem quadrinhos, suas influências e responderam perguntas para um público de 16 pessoas (mais da metade da capacidade da sala).

Apensar de o papo não ter sido gravado (o que seria o ideal), aconteceu uma particularidade que acho digna de nota. Sérgio Chaves estava em uma das mesas do evento com várias edições de sua Café Espacial e mais algumas HQs de amigos e conhecidos. Entre elas, Dias Interessantes, do grande Liber Paz, autor de quadrinhos e um dos membros fundadores do Balbúrdia que, no momento em que escrevo este texto, está no limbo acadêmico de sua tese de doutorado (aguardamos seu retorno bem e com todos os membros, amigo). Mas divergi do assunto.
O ponto é que, durante a mesa, “roubei” uma das perguntas que o Liber sempre faz quando media bate-papos e, antes de perguntar, contextualizei o público sobre quem ele era e mencionei que o Sérgio estava com um gibi dele na sua mesa, que era uma ótima HQ (Balbúrdiajabá) e sugeri que, após a conversa, as pessoas passassem na mesa para conferir. Bate-papo encerrada, almoço, viagem de volta pra Blumenau e o Sérgio me manda uma mensagem que alguém comprou uma Dias Interessantes após o bate-papo. Mesmo sem o autor lá, pra explicar detalhes sobre o material, conversar direto com o público e vender o quadrinho, uma edição foi vendida.
Me pego pensando sobre algo que já passou pela minha cabeça (e tenho certeza de que o mesmo aconteceu com muitos de vocês), que é o espaço que autores independentes têm nos eventos. Se o público tem uma chance de conhecer mesmo o material, quem sabe os quadrinistas não têm uma chance maior de vender seu trabalho? Mas para isso não basta uma volta às pressas por um “artist alley” cheio de informação visual, poluição sonora e uma impressão afastada do que é oferecido (afinal, parar de mesa em mesa e conversar com tudo quanto é autor demanda tempo e energia). E digo mais, quem sabe criar esse espaço direto pro autor não seria um dos caminhos (reforço: UM dos caminhos) para a formação de interesse e, a partir daí, de um público leitor? Espaço para os autores mostrarem e falarem do seu material. Não só mesas em um corredor é algo que eu gostaria de ver em futuros eventos.
No restante do CCQ, várias mesas com vários artistas vendendo seus vários materiais no espaço amplo do Museu da Escola Catarinense.
A iniciativa do Circuito Catarinense de Quadrinhos, que valoriza os artistas locais, veio dos amigos Bruno Flesch, José Mathias, Diogo Martins e Marco Berto que, já na primeira investida, montaram um evento bem organizado, com espaço para debates, palestras, oficinas e vários artistas vendendo seus materiais no espaço amplo do Museu da Escola Catarinense. Parabéns, muito obrigado pelo convite e mais poder pra vocês, rapazes.

E ainda, neste último final de semana do dia 13, em Timbó, aconteceu o segundo Catarina Comix Festival, organizado pelos grandes Henry e Maria “Fafá” Japelt.
Infelizmente, por causa de questões de agenda, não pude ir este ano (mesmo com o evento em uma cidade vizinha à minha querida Blumenau), mas fui no ano passado. Henry e Maria, dois nomes fortíssimos dos fanzines brasileiros dão fôlego, espaço e visibilidade para o underground nacional. Queria muito ter ido e falar mais coisas sobre o evento, mas, infelizmente, vou ter que esperar o outro ano pra isso.
Enfim, mais eventos, mais oportunidades, mais artistas… quanto mais, melhor.