[Vem Comigo] Aline Lemos

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 A Página da Aline no facebook, “Desalineada”, já tem mais de 20 mil likes. Tá, eu sei que já ficou batido começar um texto com essas estatísticas e que, no fundo, não é isso o que mais importa. E claro, tem muitas páginas questionáveis no facebook acumulando milhares de likes. Mas não é o caso aqui: a Aline merece. E acho legal começar com esse dado, porque mostra que talvez mais atenção (por parte da mídia de quadrinhos, das editoras, dos organizadores de coletâneas de quadrinhos, etc.) devesse estar sendo dada ao que ela produz, porque ela tem produzido – com qualidade & constância.

No FIQ de 2016 uma das coisas mais legais que eu comprei foi sem dúvidas o MELINDROSA, que a própria Aline descreve na capa como um “folhetim erótico político fantástico do século XXI”. Eu me apaixonei instantaneamente pelo desenho da capa, que me lembrou muito das coisas do J. Carlos.

O gibi é todo mudo e composto em preto, branco e vermelho. A experiência de leitura lembra a de velhos quadrinhos dominicais, de certo modo. Talvez pelo pensamento de composição das páginas: a maioria delas começa num cabeçalho com o título do quadrinho e, apesar delas não funcionarem individualmente (que era o caso das Sunday Pages), parece que existe uma tentativa de experimentação narrativa específica em cada uma delas, o que cria uma identidade própria pra todas as páginas. E esse esforço de experimentação da Aline é provavelmente o que eu acho mais legal no quadrinho. Apesar de um ou outro momento da narrativa ficar um pouco bagunçado no meio dessa tentativa de experimentar com composições de página diferentes, e de alguns trechos serem (na minha percepção) mais acelerados do que poderiam/precisavam ser, especialmente lá pro final do quadrinho, o que a Aline conseguiu com o Melindrosa não é nada fácil de fazer: uma HQ totalmente muda, experimental em composição e narrativa e que conta, com clareza e carisma, uma história interessante e divertida – cheia de comentários sobre temas relevantes, como libertação sexual, sororidade, opressão e revolta. Além dela ter conseguido manter uma coesão muito bonita do começo ao fim no estilo de desenho que escolheu pro quadrinho.

Desde o FIQ, a Aline tem mantido uma produção frequente e muito interessante. No mês de Março ela promoveu um “Março das Artistas” na internet,  fazendo vários quadrinhos biográficos sobre mulheres importantes pra história da arte.

Ela fez também essa história curta sobre fazer quadrinhos, que eu adoro.

Enfim, por estar mantendo uma produção constante, esforçada, que se preocupa em debater temas importantes e também em explorar possibilidades dos quadrinhos, acho que todos vocês deviam dar uma olhada no trabalho da Aline Lemos. Se ela continuar produzindo, inventando e forçando os próprios limites, com essa inteligência e essa qualidade, tenho certeza que vai ser um nome enorme pros quadrinhos um dia – então faço questão de acompanhar o que ela faz desde já, porque não quero perder nada.

O MELINDROSA pode ser lido na íntegra AQUI. Mas eu recomendo seriamente que vocês comprem a edição física, que é simples e super elegante. Dá pra comprar mandando um e-mail pra ela: desalineada@gmail.com.

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