[Vem comigo] Magnéticos 90

As memórias de Gabriel Thomaz, dos Autoramas (ex-Little Quail and The Mad Birds) sobre os anos 1990, quando se falava em demo tapes e fanzines.

Se estivéssemos nos anos 1990, o Balbúrdia seria um fanzine xerocado que enviaríamos pelo correio pra vocês. Nele, comentaríamos de outros quadrinhos que também teriam sido produzidos via fotocópia (alguns ainda são até hoje).

Se estivéssemos nos anos 1990, em vez de linkar páginas de autores e de editoras para que os leitores possam comprar os álbuns, teríamos uma sessão de SERVIÇO, com caixas postais de todo o Brasil (e aposto que algumas da América do Sul também).

Se estivéssemos nos anos 1990, é possível que o Balbúrdia aqui também falasse de música e que até organizássemos uma coletânea em fita k-7 pra vender aos leitores. A cultura zineira dos anos 1990 no Brasil era muito ligada à música independente, aos quadrinhos e ao cinema. Sempre entendi os blogs tipo o nosso aqui como uma versão http dos zines.

Se estivéssemos nos anos 1990, possivelmente comentaríamos sobre o movimento das bandas independentes pelo país: Santa Catarina, Paraná, Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e onde a gente conseguisse um correspondente.

Se estivéssemos nos anos 1990, diferente de hoje, que o foco é falar de quadrinhos (na maciota), falaríamos das cultura independente como um todo, porque não tinha muita separação.

Se estivéssemos nos anos 1990, um livro tipo o Magnéticos 90 teria muito mais foto colagens de capas de fita e de fotos de show. Ler este livro hoje é, para quem viveu aquele tempo (ou que nem eu, que chegou um pouquinho tarde e viu o tempo dar os últimos passos antes de virar a esquina), lembrar de como chegamos a isto aqui.

(não falo da situação política, falo da rede de trocas de informação e de criação de cultura)

Se estivéssemos nos anos 1990, entenderíamos a importância de uma fita K-7 e de um gravador com dois decks. O nosso trabalho mudou: ganhou-se tempo e ficou mais barato (download ou streaming versus envio; clicar em um blog versus encomendar zine), a inocência de mudar o mundo falando de moleque mudando o mundo parece ter virado propagandas gratuitas pra livrarias com promoção (meu percentual reservado), mas o cerne da coisa ainda circula.

Magnéticos 90 é um livro em que os quadrinhos adicionam interesse a um texto que já é instigante por si, dão rosto a algumas figuras do período, mostram capas. O desenho preto e branco de Daniel Juca conversa diretamente com isso que venho falando aqui, a cultura zineira. Embora o álbum não seja sobre fanzines, eu não consigo dissociar essa ideia.

O formato de pequenos causos que vão se ligando uns aos outros constroem assim um arco narrativo que é a história de Thomaz e de como ele viveu e registrou a década de 1990.

Tenho a impressão que o que se faz na HQ é mostrar que já fazemos isso desde antes (antes mesmo dos 90) e que os quadrinhos são um meio muito próximo da história toda que se conta e por isso, muito bem escolhido.

SERVIÇO

Blog sobre bandas independentes brasileiras: http://discofurado.blogspot.com.br

Canal de Youtube com várias bandas pra ouvir: https://www.youtube.com/channel/UCtmtxJK32Yitrn1vmbG3pZQ

Blog com as fitas demo dos anos 80 e 90: http://demo-tapes-brasil.blogspot.com.br

Site oficial do álbum: http://magneticos90.autoramasrock.com.br

Site oficial do Autoramas: http://autoramasrock.com.br/pt/

Publicado por lielson

Francisco Beltrão (1980) - Curitiba (2000) - São Paulo (2011) - Salvador (2017) - São Gonçalo (2018) - Santa Maria (2019).

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