[Vem Comigo] O Esqueleto: O Fim de Todas as Espécies

Uma infestação transmitida pela carne contamina o mundo todo e traz uma versão vegetariana do apocalipse em O Esqueleto: O Fim de Todas as Espécies, de Salvador Sanz (Zarabatana, 2019, tradução de Claudio Martini).

Salvador Sanz é um autor argentino com quase todos seus materiais publicados no Brasil pela Zarabatana Books. Antes deste álbum já pudemos ler em português Noturno (2011), Angela Della Morte (2012), Legião (2014), O Esqueleto: O Início (2015) e O Esqueleto: O Museu Esquecido (2016), além de uma história curta na Fierro Brasil #1 (2011). Ele trabalha com um hábil preto e branco para contar histórias de terror com elementos fantásticos, em álbuns muito bem realizados. Fiquei encantado com o Sanz quando em uma Gibicon, em Curitiba, me disse que Noturno não era um livro de terror com seres alados monstruosos, mas sobre o desejo humano de voar.

E, bem no fim, a despeito do interessante bestiário ali, é bem isso mesmo.

Na série d’O Esqueleto, o autor cria um grupo de personagens que não são contaminados pelo praga por serem vegetarianos, já que a transmissão acontece ao comer carne. Mas em vez de virar um zumbi acéfalo como costuma acontecer nesse tipo de cenário, os infectados se tornam predadores carnívoros impiedosos, em que sua própria estrutura corporal e fisiológica se altera para devorar com mais eficiência carne e os membros se adaptam para ter mais agilidade e força de ataque nas caçadas.

Resistem a isso um time de personagens, entre eles o que dá título a série, em fuga constante dos carnívoros, antigos humanos que agora são predadores fatais.

Por mais que este “O Fim das Espécies” possa ser lido independentemente, me parece que o melhor modelo é ler, ao menos, o “O Museu Esquecido” antes.

A trama tem a manha de um mangá em maior formato e menos páginas, por mais que a arte de Sanz não remeta a nenhum mangaka na primeira passada de olhos, pois, acho, tem mais a ver com o projeto longo da história mesmo. O desenho acadêmico com toda a anatomia e perspectivas no lugar é daquele tipo que reforça a percepção realista, o que assusta ainda mais por tornar o terror mais real, ainda que as cenas de ação vez ou outra pareçam ter menos movimento do que esperado.

Mas mesmo isso funciona: é como se essa paralisia fosse da vítima diante da presa, do leitor espantado diante desse apocalipse todo, seus últimos momentos antes de ser devorado.

Obrigado pela Zarabatana pelo envio do livro.

Publicado por lielson

Francisco Beltrão (1980) - Curitiba (2000) - São Paulo (2011) - Salvador (2017) - São Gonçalo (2018) - Santa Maria (2019).

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