[Vem Comigo] Notas do Underground

Notas do Underground, de Pedro D’Apremont (Pé-De-Cabra, 2019) reúne histórias publicadas no site da Vice sobre a cena de shows, bandas e fãs de metal.

Com tanta gente que circula no meio dos quadrinhos e da música, é de se esperar que vez ou outra surja algum livro que retrate a cena musical, mas te falar que isso não é tão comum quanto parece que seria. Tem o Fabio Lyra, com histórias que passeiam pelo universo musical, mas seus quadrinhos mais recentes, os lançamentos do Clube do Vinil, são mais direcionados ao clima de uma canção que inspira a trama.

Já o Pedro D’Apremont, neste álbum, mistura histórias pessoais com ficção bizarra e, sempre, humor nesse passeio pelo universo das bandas de metal. Acho a inclusão do humor nessa paisagem de bandas satanistas e de músicas que falam de chuvas de sangue, corpos despedaçados e de morte muito produtivo. Não que ache ridículo o lance do metal, mas, na boa, é bem fácil tirar uma onda com quem quer se fazer de malvadão e sinistro.

Desde a história da banda de metal extremo que se perde na floresta, passando pelo fechamento de um bar em brasília que o autor frequentava até a minha favorita, que é da sessão de RPG com neonazistas, tudo é narrado como se fosse um papo de bar, em que amigos trocam histórias incríveis. Tudo tem muita fluência, tanto pelas próprias histórias quanto pela narrativa do quadrinho.

A arte de D’Apremont é limpa e, basicamente, de linhas simples e cores chapadas, com bastante composição de fundo para encher os cenários, mas sem afogar a leitura no meio de um zilhão de elementos gráficos. As expressões corporais e faciais, a simulação de movimento do desenho, é um de seus pontos mais alto.

Unido a esse desenho claro e dinâmico, estão os diálogos muito bem escritos. Eles estão na medida certa entre serem formais o suficiente pra ser um registro escrito e manter a oralidade a ponto de se imaginar aquilo falado por alguém. Do tipo, exatamente o contrário de texto de telenovela.

O álbum é um lançamento da Pé-De-Cabra, que surgiu como coletânea com dois volumes editados e bancados pelo Carlos Panhoca, que logo passou também a lançar outros materiais que estão em sintonia com que sai na revista “mãe”, mas têm mais páginas. Como o selo se debruça sobre o underground, o humor e o alternativo, histórias de metaleiros com tons de comédia estão muito bem ajustadas aos planos do selo do Panhoca.

\m/

Publicado por lielson

Francisco Beltrão (1980) - Curitiba (2000) - São Paulo (2011) - Salvador (2017) - São Gonçalo (2018) - Santa Maria (2019).

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