
Uma das coisas que mais gosto dessas listas do Grampo é quanto número e dados conseguimos ao cruzar as listas. E é exatamente isso que vai ter aqui.
As listas foram publicadas aqui e quem quiser brincar de estatístico é só ir na postagem lá e procurar padrões.
TOTAL DE OBRAS E AUTORES
Vamos pelo basicão: são 20 listas de 20 pessoas diferentes com 10 obras ranqueadas do primeiro ao décimo. Nessas listas foram citadas 85 obras diferentes. No Grampo 2016 foram citadas 81 obras. Ou seja, aumentou um pouco, mas meio que manteve.
Esses 85 quadrinhos foram lançados por 23 editoras e por um grupo enorme que chamei de INDEPENDENTE (incluí nesse grupo fanzines, autopublicação, financiamento coletivo e selos tipo Piqui e Vibe Tronxa).
São 175 autores diferentes citados. Vale o aviso, porém, que Os invisíveis v. 8 (Panini) tem 16 artistas além do Grant Morrison, a Antílope # 2 (Antílope), organizada por Luis Aranguri e Victor Gáspari Canela, reúne 23 nomes entre quadrinistas e articulistas e o Jornal Pimba # 3, editado por Caio Gomez, Felipe Sobreiro e Leandro Honda traz 31 nomes, sendo a publicação com maior número de autores.
Por falta de condições de averiguação (aka não tenho os gibis), letristas, capistas e coloristas não foram contados (sim, eu sei que é uma falha).
PONTUAÇÃO E CITAÇÃO DAS OBRAS
A pontuação das 22 primeiras está nesta postagem com a lista final, mas, pra relembrar as 15 que mais pontuaram, vai abaixo:
1) Bulldogma (Veneta), por Wagner Willian: 89 pontos
2) Você é uma babaca, Bernardo (Mino), de Alexandre Romero: 75 pontos
3) Desconstruindo Una (Nemo), de Una (tradução: Carol Christo): 48 pontos
4) Modelo vivo (Boitempo), por Laerte: 42 pontos.
5) Know-Haole #4 (Vibe Tronxa Comix), por Diego Gerlach: 41 pontos.
6) Os últimos dias de Pompeo (Veneta), por Andrea Pazienza (tradução: Michele Vartuli): 35 pontos.
7) A Gigantesca barba do mal (Nemo), por Stephen Collins (tradução: Eduardo Soares) // Quadrinhos dos anos 10 (Cia das Letras), por André Dahmer // Sharaz-De: Contos de As mil e uma noites (Figura), por Sergio Toppi (tradução: Maria Clara Carneiro): 33 pontos.
10) Sopa de lágrimas (Veneta), por Gilbert Hernandez (tradução: Marina Della Valle): 29 pontos.
11) Ruínas (Marsupial), por Peter Kuper (tradução: Érico Assis): 26 pontos.
12) Hinário nacional (Veneta), por Marcello Quintanilha: 24 pontos.
13) Fixação por insetos (Antílope), por DW Ribatski // O futuro (independente), por Denny Chang // Placas tectônicas (Nemo), por Margaux Motin (tradução: Fernando Scheibe): 23 pontos.
Bulldogma apareceu em 13 listas e foi o mais lembrado; Você é um babaca, Bernardo foi marcado em 11 listas e Desconstruindo Una em 8, seguindo a ordem da pontuação. A partir daqui as coisas ficam interessantes: Know-Haole #4 e Modelo vivo (quarto e quinto colocados, respectivamente) estão em 7 listas, assim como o Topografias (Piqui), de Taís Koshino, Julia Balthazar, Bárbara Malagoli, Lovelove6, Mariana Paraizo e Paula Puiupo, que seria a posição 23 da lista final.
Os livros com 6 citações, que estão em sétimo no ranking de citações, estão também em sétimo na lista geral: Sharaz-De: Contos de As mil e uma noites e A gigantesca barba do mal; a seguir, com presença em 5 listas, surgem Os últimos dias de Pompeo (sexto colocado geral), Quadrinhos dos anos 10 (sétimo) e Hinário nacional (décimo-segundo).
Quase sempre aparecer em diversas listas garante posições boas, mas Sopa de Lágrimas (décimo) teve 4 citações e Ruínas (décimo-primeiro) apenas 3. Sempre que alguém incluiu essa obra, ela entrou em uma posição de destaque na lista.
OBRAS NACIONAIS E TRADUÇÕES
Das 85 obras citadas, 45 são editadas originalmente em português, porém, A agência de viagens Lemming (Devir), de José Carlos Fernandes é português europeu. Das outras 40, a predominância é do inglês, com 21 quadrinhos (mais uma publicação com traduções do francês também, a Antílope # 2, com tradução de Luis Aranguri, Victor Gáspari Canela e Valerie Lengronne); 10 são escritas originalmente em francês; 5 em japonês; 1 em espanhol – Sendero Luminoso: História de uma guerra suja (Veneta), por Alfredo Villar, Luís Rossell e Jesús Cossio (tradução: Rogerio de Campos e Barbara Zocal) – e 1 em italiano – Os últimos dias de Pompeo (Veneta), por Andrea Pazienza (tradução: Michele Vartuli). Completa a lista um álbum espanhol sem texto, Zonzo (Mino), de Joan Cornellà.

No total, 35 profissionais pelearam pra traduzir esses quadrinhos pros leitores (além dos preparadores de texto, editores e revisores #abraçopraminhagalera). Os tradutores com mais trabalhos citados são Fernando Paz (Francês, 5), Érico Assis (Inglês, 4), Fernando Scheibe (Francês, 3), Denis Kei Kimura (japonês, 2) e Marquito Maia (Inglês, 2).
Apesar dos quadrinhos brasileiros serem maioria no total (44 x 41) no top 20 (que na verdade tem 22 por conta de um empate na vigésima posição), as obras estrangeiras são mais numerosas (9 x 13).
(Se alguém estiver curioso, o top 10 é empate, 5 x 5)
IMPRESSOS, DIGITAIS, LIVROS, REVISTAS, JORNAL…
Foi tudo impresso, menos 2 webcomics (Ultralafa, de Daniel Lafayette e A história do Século XXI, de Laerte) e 1 HQ da plataforma digital Social Comics (As empoderadas, de Germana Viana). Se bem que a HQ da Laerte foi publicada diariamente na Folha de S.Paulo antes.
Das 82 impressas, só uma minissérie fasciculada, Guerras secretas #1-9 (Panini), por Jonathan Hickman e Esad Ribic (tradução: Jotapê Martins e Paulo França). Também 3 séries regulares foram citadas, curiosamente, todas mangás: Fullmetal alchemist v.1 (JBC), por Hiromu Arakawa (tradução: Karen Kazumi Hayashida), One punch man (Panini), por One e Yusuke Murata (tradução: Lidia Ivasa) e Éden – It’s a Endeless World (JBC), por Hiroki Endou (tradução: Denis Kei Kimura). As 2 últimas apareceram nas listas citando a série toda e a primeira apenas o volume 1.
Jornal Pimba #3 from pimba on Vimeo.
Também apareceram um jornal, o Pimba (Pimba Press) e uma sequência de fanzines, os Fábio # 46-50 (independente), por André Valente e Gabriel Góes. As outras 76 citações eram livros, com 45 obras publicando histórias originais e inéditas, e as outras 31 coletâneas de material publicado fasciculado ou em outras revistas – Modelo vivo (Boitempo), de Laerte, Helter skelter (New pop), por Kyoko Okasaki (tradução: Denis Kei Kimura), A agência de viagem Lemming etc – ou impressão de webcomic – Nimona (Intrínseca), de Noelle Stevenson (tradução: Flora Pinheiro) – ou coletâneas – Topografias (Piqui), por Taís Koshino, Julia Balthazar, Bárbara Malagoli, Lovelove6, Mariana Paraizo e Paula Puiupo.
EDITORAS
Repito o dado que disse lá em cima: foram citadas obras de 23 editoras diferentes (considerando Social Comics como editora) e um grande grupo que chamei de independentes. Dentro dessa divisão as editoras mais citadas foram Veneta (40 vezes), Nemo (21 vezes ), Mino (16 vezes) e os independentes (45 vezes).
A editora com mais livros lembrados foi a Veneta (10 obras), em seguida Panini (8 obras) e Nemo (6 obras). Foram citadas 23 obras independentes.
Se somar o ponto das obras que apareceram na lista por editora, o ranqueamento é o mesmo da quantidade de citações: Veneta (250 pontos), Nemo (124 pontos), Mino (100 pontos) e indies (175 pontos).
A Veneta também foi a editora que ficou com mais primeiros lugares: 4 (3 Bulldogma e 1 Sendero Luminoso). Entre as obras apontadas no topo da lista, Bulldogma (3 vezes) foi a mais lembrada, seguida por Ruínas (Marsupial), de Peter Kuper (Tradução de Érico Assis), Você é um babaca, Bernardo (Mino), de Alexandre Lourenço e Pato Donald: Perdidos no Andes (Abril), de Carl Barks, com duas citações cada.
Outras 13 obras diferentes foram apontadas em primeiro nas listas.
A Veneta teve um ano impressionante: na média, toda lista tinha pelo menos duas obras da Veneta; também pela média, a cada duas listas uma trazia um livro novo da editora.
Bom, acho que isso seria o principal sobre uma primeira fornada de dados a partir das listas. Insisto que as listas estão disponíveis e você também pode se divertir com elas.