
O Érico Assis lembrou de postar os livros massa que ele traduziu e não vai poder votar nos melhores do ano. Como sou copiona, vai aqui a minha lista de traduções que VOCÊ poderá escolher como melhor do ano!
TANKA, de Sergio Toppi. Editora Figura.
A Figura vem se esmerado em trazer os maiores ilustradores de histórias em quadrinhos de todos os tempos. Tanka é o terceiro livro do italiano Sergio Toppi que traduzo para a editora (também verti os dois volumes de Sharaz-De). Nesse livro, o autor explora um Japão imaginário, com os senhores feudais corruptíveis, guerreiros caídos e princesas solitárias.
*Traduzido do italiano.

A MÁSCARA DA MORTE RUBRA e outros contos de Poe, de Dino Battaglia e Laura Battaglia. Editora Figura.
Alguns dos melhores contos de Edgar Allan Poe adaptados pelo ilustrador italiano: além do conto de título homônimo, “Ligeia”, “A extraordinária aventura de Hans Pfaall” e o meu preferido, “A queda da casa de Usher”.
*Traduzido do italiano.

FRANCIS, de Loputyn. Editora Darkside.
Como “fundadora” da Darkside (trabalhei como editora lá em seus primórdios, até me dedicar à pesquisa e ensino a partir de 2013), sempre bate um orgulhinho vendo a que ponto chegaram: um público cativo e edições maravilhosas. E bate ainda mais um orgulhinho por continuar colaborando com traduções bonitas assim.
Francis é a história de uma bruxinha em formação. Mas como muitas jovens, ela não quer saber do sistema meritocrático e prefere a gandaia. Até que Francis aparece…

AURORA NAS SOMBRAS, de Fabien Vehlman e Kerascöet. Editora Darkside.
A obra do casal de desenhistas Kerascöet (Marie Pommepuy e Sébastien Cosset) e do roteirista Fabien Vehlman prima pela beleza que esconde ações absurdas. Criaturinhas terríveis que enganam, e a pobre Aurora só queria organizar a vida comum…
*Traduzido do francês.

TRAVESTI, de Edmond Baudoin (adaptação de romance de Mircea Cărtărescu). Editora Veneta.
Baudoin tem um pincel maravilhoso, o traço dele dança nas páginas. Apesar de ter participado da primeira Rio Comicon em 2010, o quadrinista, que publica desde o final dos anos 1970, só teve um livro anteriormente publicado no Brasil, ilustrações de um romance de Fred Vargas, Quatro rios.
Autor de muitos relatos ternos de viagem, seu passeio pela Budapeste do autor e do protagonista de Travesti se intercala com os relatos de sonho e delírio do romance um tanto surrealista do Cărtărescu. A autoficção do autor romeno se mistura às leituras do quadrinista francês, e vamos descobrindo pelas imagens e pelo texto a história de Victor, sua irmã e Loulou. É um livro denso, que explora a sexualidade do personagem narrador, um chato na adolescência com o único desejo de ser um grande escritor – e todo o resto reprimido.
*Traduzido do francês.
JEANINE, de Matthias Picard. Editora Veneta.
Já comentei sobre esse livro aqui, bem antes do projeto avançar. Li as primeiras páginas da entrevista em quadrinhos da Jeanine/Isa a Sueca na finada revista Lapin, da L’Association. Mais ou menos nessa época passei a acompanhar as postagens de Monique Prada, e a conhecer o ativismo das trabalhadoras sexuais.
Uma das minhas maiores alegrias é ter um posfácio da escritora e ativista Monique nessa tradução, em que ela atualiza ali o histórico dessa luta. Matthias observa sua vizinha e duvida de suas histórias – uma senhorinha prostituta, com problemas de saúde, será mesmo que ela lutou na guerra e nas trincheiras pela regulamentação do trabalho sexual? O traço de Matthias é fino e contínuo, às vezes um pincel à la Baudoin vai nos trazendo essa história real, de uma mulher real, mesmo se a memória às vezes falha.
(E recomendo muito a Monique! Para entender o trabalho sexual em uma perspectiva feminista bem ancorada nas questões de classe e lutas sociais).
*Traduzido do francês.
