
Um dos meus últimos textos foi sobre quadrinhos dos anos 2000 e agora vos trago esse quadrinho de um autor nascido em 2000. Gerado no Bug do Milênio, Xavier Ramos publica zines desde os 15 anos cm sua irmã, Frida, já comentados aqui pelo Paulo Cecconi.
Urinoir é o primeiro zine solo do autor, hoje “exilado” com a família em Amsterdã, onde se alimenta constantemente das obras que chegam na famosa livraria Lambiek, talvez a mais antiga existindo sem interrupção no mundo (que também nutre uma enciclopédia), e a tia aqui fica babando, de longe.
Conforme ele contou ao Carlos Neto, esse livrinho, distribuído aqui pela Ugra, foi pensado mudo para ele poder ter alguma coisa a mostrar em um festival de Angoulême ou similar. Ao castrar o texto do seu desenho, porém, Xavier vai focar em alterações mínimas de um quadro a outro, nas repetições automatizadas do cotidiano, nas justaposições que dão balanço às cenas, o choque entre olhares e olhares desviados. Um exercício que ele e Frida já demonstraram antes, de testar enquadramentos em páginas totalmente sem texto:

São as alterações mínimas, em repetições bem distribuídas, que vão dar ritmo e sequência à narrativa. Urinoir, além de uma história divertida de encontros e desencontros, se cria a partir desse exercício de pensar bem a página de quadrinho, a articulação entre esses elementos mínimos. E esse traço delicado e agudo, também focando no minimalismo do desenho, já tinha sido decidido pelos irmãos desde suas primeiras histórias.

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