Hey! Feliz ano novo!
Fazer listas é dizer tchau pra 2017, que aliás foi muito bacana em termos de gibis, né? Muita coisa boa.
Meu método pra fazer a lista pro Prêmio Grampo 2018 foi sentar num sofá, relaxar e anotar o nome dos gibis que eu li e que conseguia lembrar. Minha ideia era que se eu lembrava, era porque tinha sido e continuava sendo importante pra mim. Então, ficou assim:
Mensur, de Rafael Coutinho, foi a história em quadrinhos que mais gostei no ano. Tem a arte, a narrativa, a técnica, os temas, as discussões, mas acima de tudo esse gibi me fez a cabeça. Vibrei lendo ele. Duas vezes. Por isso, é meu primeiro lugar. Falo com tranquilidade. 😉
Sshhhh! foi o primeiro trabalho do Jason que li. Todo mundo me falava que o cara era bom, mas ainda assim me pegou desprevenido. Histórias só com imagens, animais antropomorfizados e um retrato daqueles mistérios do cotidiano que assombram a gente. Poesia pra mim é isso. Lindo.
Angola Janga , de Marcelo D’Salete, não é só um excelente quadrinho, é um trabalho imprescindível pra ajudar a entender um pouco mais esse nosso país. Muita pesquisa, domínio da linguagem e implicações profundas. Levou e elevou o Ouro do Grampo 2018.
Conheço a Bianca Pinheiro pessoalmente e uma das coisas que mais admiro nela é o trabalho constante em explorar e ultrapassar o próprio estilo. Alho Poró é um dos resultados desse trabalho. Diálogos, desenho e roteiro tratados com um cuidado arrebatador.
As nossas histórias podem ser contadas pelos nossos objetos, pelas coisas que lemos e que acabam fazendo parte de quem somos. Luli Penna mostra isso em Sem Dó, uma história em quadrinhos maravilhosa que brinca com mídias e linguagens pra falar sobre desejos, expectativas e decepções. Todas aquelas coisas que deixam a vida digna de ser chamada de vida.
Um pequeno assassinato é um daqueles gibis imperdíveis dos anos 90 que eu só fui ter acesso agora. Alan Moore escrevendo uma história sem aqueles temas que geralmente caracterizam sua obra e, talvez por isso, ainda cativante e assombroso.
O Bulevar dos Sonhos Perdidos, de Kim Deitch, me fez pensar em “romance gráfico”, no sentido de se aproximar deliciosamente do que eu entendo por “romance” num sentido “literário”. É um livro muito bem trabalhado no qual passeamos pela vida dessas pessoas incríveis, reais e irreais. E tem o gato Waldo, que é simplesmente assustador.
Boxe é uma daquelas obras-primas que todo mundo devia ler. Antes de ser uma dança, as cenas de luta que o Alexandre Lourenço desenha são realmente um embate, um confronto de forças. Não se trata de uma celebração de “vitórias”, mas da lida com a simples existência.
Não consigo deixar de comparar O Maestro, o Cuco e a Lenda com os livros de Lewis Carroll e os filmes de Hayao Miyazaki. Um clima de irrealidade e sonhos que me agrada muito. Só senti falta de cores.
E, finalmente, Estudante de Medicina. Acho a narrativa deliciosa e me parece um retrato muito honesto de uma classe social brasileira muito bem definida. Outro daqueles trabalhos que ajudam a entender melhor esse nosso entorno.
E é isso, gente. Certeza que na minha lista faltou coisa maravilhosa, que eu gostaria de ter incluído e tals, mas esses títulos foram bem contemplados em outras listas, o que, pra mim, só reforça que inteligência coletiva é o que precisamos pra salvar o mundo.
Valeu, galera! Um ótimo ano pra todos e todas e vamos que vamos!